Família de morador de Taboão morto esmagado em metrô cobra justiça; MP quer apuração da tragédia

A família de Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, de 35 anos, morador de Taboão da Serra, cobra justiça após sua morte na estação Campo Limpo, na Linha 5-Lilás do metrô de São Paulo. Ele foi prensado entre o trem e a porta de plataforma na manhã de 6 de maio. O caso mobilizou o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado, que investigam possíveis falhas de segurança atribuídas à ViaMobilidade, concessionária responsável pela linha.

Pai de três filhos, Lourivaldo era promotor de vendas, estudava Educação Física e dava aulas de natação. O acidente ocorreu por volta das 8h, horário de pico, quando ele tentava embarcar na estação lotada. Testemunhas relatam que ele ficou preso no vão entre a porta da plataforma e a do trem. Ainda assim, a composição iniciou a viagem e o passageiro foi arrastado.

A ViaMobilidade afirmou que as portas possuem sensores para detectar qualquer impedimento ao fechamento, mas admitiu que não há sensores no vão entre o trem e a plataforma, local exato onde a vítima ficou presa. Relatos apontam que o sistema não reconheceu a falha, e o trem partiu com Lourivaldo ainda preso.

Durante o velório no Cemitério da Saudade, em Taboão da Serra, familiares e amigos se despediram sob forte comoção. Um primo da vítima desabafou, “Trabalhador não é gado para ser amassado”. A família contesta a versão da empresa e pede responsabilização, “Isso não foi acidente. Foi negligência”, relatou um dos parentes.

Diante da repercussão do caso, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo notificou a ViaMobilidade e a Secretaria de Parcerias em Investimentos do Governo do Estado para prestar esclarecimentos. O TCE exigiu informações sobre o suporte à família da vítima e quais providências estão sendo tomadas para evitar novos incidentes.

O Ministério Público também instaurou um inquérito civil por meio da Promotoria de Justiça do Consumidor. O objetivo é apurar as condições de segurança da Linha 5-Lilás e avaliar se a concessionária agiu conforme as normas de proteção aos usuários.

O Sindicato dos Metroviários reforçou o pedido por uma apuração rigorosa e cobrou transparência quanto ao funcionamento dos sensores das portas de plataforma, ressaltando que este é o primeiro caso fatal envolvendo o sistema de contenção do metrô paulista.

A tragédia reacendeu o debate sobre a eficácia dos protocolos de segurança nas linhas concedidas à iniciativa privada e levantou questionamentos sobre a fiscalização e manutenção desses equipamentos em situações de rotina e emergência.

Camila Joseph

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