4 crianças presas são libertadas em Itapecerica
Os policiais militares de Itapecerica da Serra, cabo Pires e soldado Ribeiro libertaram após denúncia de familiares, na noite deste sábado, 25 de junho, quatro crianças, três meninas de 1 mês e meio, 4 e 11 anos e um menino de 13 anos em situação de maus tratos, com muita fome, queimaduras e hematomas pelo corpo, a casa onde viviam era feita de cativeiro. Agredidas e mantidas reféns por dias, pela própria mãe, Raquel Arruda dos Santos de Oliveira, 32 anos as crianças, de acordo com os policiais, já estavam há cinco dias sem alimentação. A presa responderá pelo crime de tortura.
Em estado de abandono, sujas, debilitadas, com diversas queimaduras, hematomas, com medo, fome e frio, as crianças choravam e gritavam muito no momento que os policiais chegaram a residência, na rua Gilmar Viana, no 52, no bairro Jardim Pelúcio, próximo ao Santa Júlia. Segundo informações dos policiais, a entrada da guarnição na casa só foi possível após arrombarem a janela, porque Raquel não respondia pelo nome e a porta estava totalmente fechada. Em estado de fúria, a mãe das crianças rasgou o fardamento do soldado.
Os policiais militares contaram que o menino de 13 anos detalhou o que a mãe fazia com seus irmãos. “Ela (a mãe) batia com cinta, chinelo, queimava com ferro. Raquel já esquentou o celular com o ferro de passar roupa e colocou na mão do mais velho, além de com a panela de pipoca quente queimar o queixo, testa e pescoço do mesmo”, contaram. Até a bebê de um mês e meio sofreu maus tratos. “Ela obrigou a sua filha de quatro anos, a lavar a bebê, o que quase causou o seu afogamento”.
De acordo com os policiais a alimentação das crianças era fornecida por vizinhos, a última foi na terça-feira. “A mãe espancava seus filhos em diversos momentos do dia. Na hora de acordar, no momento da oração e para os mesmos fazerem os serviços domésticos, se caso não fosse feito da maneira que a agradava, as crianças apanhavam mais”, relataram. Ainda segundo os policiais, a casa estava com o piso todo molhado, muito suja. Até um cachorro morto foi encontrado no quintal.
Durante todo o resgate a mulher reagiu descontroladamente e de forma agressiva, segundo informou a PM. A todo o momento ela referia-se a Deus, ela teria dito que “Deus quem mandava” ela maltratar os filhos. A corporação disse ainda que ela demonstrou sinais de uma pessoa com problemas mentais.
A irmã mais velha das vítimas disse que há cinco anos acolheu as crianças em sua casa, mas por Raquel ter ficado grávida e, além disso, pela escola ter afirmado que acionaria o conselho tutelar do município devido às faltas constantes no colégio, ela foi obrigada a devolver as crianças, mas agora se compromete a lutar pela guarda definitiva dos quatro.
“Fazem mais ou menos três anos que ela vinha agredindo com mais freqüência meus irmãos. Na época somente meu irmão mais velho (13 anos) não veio pra minha casa, pois demonstrava muito medo, essa foi a primeira vez que ele contou tudo o que sofria esses anos todos. Na última semana ela não permitiu a ida das crianças para a escola, devido à gravidade dos hematomas, pois estava ciente que a escola vendo os machucados acionaria o conselho tutelar”, relatou.
Raquel Arruda dos Santos de Oliveira foi levada ao Hospital Pirajussara, em Taboão, onde passará por exames psicológicos e até o resultado da perícia oficial realizado pelo Estado permanecerá presa por tortura. Já as quatro crianças foram encaminhadas ao Conselho Tutelar do município.
Confira fotos:
Sd Ribeiro e cabo Pires responsáveis por liberar as crianças