Câmara rompe com prefeitura e cria CEI
A câmara municipal de Taboão da Serra saiu em defesa da instituição e declarou guerra à administração municipal. Numa sessão extraordinária nesta sexta-feira (6), os vereadores decidiram por unanimidade abrir uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para apurar a responsabilidade sobre os desvios de recursos dos cofres municipais da cidade. Ainda abalados com a prisão de três vereadores na sessão os parlamentares disseram que vão dar uma reposta à população e defender a instituição.A CEI será presidida pelo vereador José Aparecido, o Cido (DEM), terá como relator Olívio Nóbrega (PR). Já os vereadores Alexandre Depieiri (PSB), Valdevan Noventa (PDT) e Wagner Eckstein ( PT) serão membros. A previsão é de que os trabalhos comecem imediatamente, já neste sábado a CEI vai se reunir pela primeira vez. Os primeiros ouvidos pela Comissão devem ser representantes da emrpesa Conam e o secretário de Finanças Maruzan Corado.
Repetindo frases como “doa a quem doer”, “a câmara agora vai cumprir o seu papel de fiscalizar", “vamos ouvir todos os responsáveis por fiscalizar esses atos”, “queremos saber quem assinou os balancetes e deu as senhas usadas para cometer os crimes”, “vamos investigar tudo” e “o crime foi cometido na prefeitura e não na câmara”, os vereadores avisaram que vão para cima da administração municipal a fim de tentar limpar a imagem da casa.
O líder do governo na câmara, vereador Paulo Félix deu o tom do embate e avisou que a casa vai resgatar o seu papel constitucional de fiscalizar. Ele disse que o momento é histórico para a cidade, já que “vai resgatar a essência do legislativo”.
“O Poder judiciário está funcionando. O executivo e a polícia também. Cada um está cumprindo o seu papel. A câmara infelizmente estava adormecida. Agora, Nós temos que cumprir o nosso papel e fazer o legislativo funcionar também. Temos que ter a consciência do momento histórico que estamos vivendo. Não teremos outra chance temos que ser lúcidos e serenos. Vamos atuar na defesa dessa instituição”, afirmou Paulo Félix. “O crime não aconteceu nessa casa. Foi lá na administração pública. Nós temos que preservar essa casa. A instituição é mais importante do que nós. Nós iremos morrer e essa casa vai ficar”, completou.
De acordo com Paulo Félix cada um dos 10 vereadores restantes vai se transformar em agentes e detetives. Ele disse que o instrumento de luta, a espada da câmara será a CPI. “O legislativo é o único poder desarmado e a única arma é a verdade. A Bíblia diz que conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, observou.
Olívio Nóbrega também fez um discurso firme cobrando que os “responsáveis por fiscalizar os balancetes e emitir as senhas sejam ouvidos”. Ele falou da repercussão negativa dos vereadores durante a sessão, mas disse que a câmara começa a levantar para dar uma resposta.
“Nós não vamos ficar de joelhos. Estamos começando a reagir. Vamos ouvir todos, investigar tudo e descobrir os culpados. Doa a quem doer, ninguém vai prevaricar aqui. Doeu muito naquela sessão, mas hoje começamos a dar resposta”, avisou. “O roubo foi lá [prefeitura], o crime foi lá, então é lá que vamos chegar. Demoramos muito para começar a investigar, mas nunca é tarde. Não terei medo de fazer meu trabalho. Fomos atingidos, humilhados, mas sobraram homens honrados aqui”, completou.
Valdevan Noventa fez vários questionamentos a respeito da ação da polícia e da prisão dos vereadores dentro da câmara, com cobertura ao vivo da imprensa. “Isso foi feito para difamar e sujar a imagem dos vereadores dessa casa. Mas, vamos cumprir o nosso papel e dar resposta à altura a quem quiser conhecer a verdade. Os vereadores se preparem para trabalhar 24 horas”, avisou, lembrando que vai buscar uma resposta para a questão do transporte alternativo que há um ano está sendo alvo de uma licitação que ainda não foi concluída.
O vereador José Aparecido, o Cido, assumiu o compromisso de trabalhar seriamente a fim de dar uma resposta a sociedade. Ele afirmou estar preparado para suportar as represálias que possam acontecer em função da investigação. Entretanto, salientou que não irá se abalar. “Vou trabalhar firme e manter a minha rotina. Meu compromisso é com a verdade. Doa a quem doer”, garantiu ao ser questionado se a CPI corria o risco de acabar em pizza.
O presidente da Câmara, José Macário, declarou que todos os envolvidos serão investigados. “A Câmara Municipal tem o dever e a obrigação de instaurar sua comissão para também fazer a apuração dos fatos. Todos aqueles que forem citados serão investigados, doa a quem doer”, afirmou, fazendo menção a frase dita pelo prefeito Evilásio Farias num programa de Televisão.
O vereador Wagner Eckstein avaliou que a câmara precisa dar uma resposta a população, em razão da exposição negativa da cidade em rede nacional. “A Câmara Municipal precisa dar uma resposta à própria Câmara Municipal e à opinião pública. E isso será feito através da CEI. Nós vivemos de credibilidade. Se o parlamentar perde a credibilidade, ele pouco serve”, discursou o vereador Wagner Eckstein.