Coronavírus muda a rotina e amplia desafios das famílias de Taboão e região

Por Mariana Félix | 27/04/2020

A pandemia causada pelo COVID-19 mudou a rotina das famílias, expôs desafios e mergulhou a humanidade numa nova realidade. Em Taboão da Serra, a cidade mais adensada do continente americano, a rotina dos moradores foi drasticamente modificada, a taxa de violência doméstica cresce dia pós dia. Ficar dentro de casa em tempo integral faz com que as famílias enfrentem dificuldades de relacionamento e convivência.Isso sem contar que a vulnerabilidade social amplia potenciais conflitos.

Segundo o núcleo de gênero e do centro de apoio operacional criminal do Ministério Público de São Paulo, os casos de violência doméstica aumentaram 30% no Estado, porém existe uma subnotificação nesses casos tendo em vista que as mulheres estão confinadas e em isolamento social, acredita-se que os órgãos de proteção à mulher estejam fechados o que é um equivoco, a Delegacia da Mulher esta com os atendimentos normais, respeitando sempre as regras impostas na prevenção do Covid-19. Caso opte por ficar em casa a vitima pode fazer a ocorrência online e no próprio aplicativo e solicitar medidas protetivas de urgência. A promotora da vara de violência doméstica promete analisar o pedido em até 72 horas. Os atendimentos normais são de segunda a sexta-feira das 8hrs as 17hrs. Bem como a patrulha guardiã Maria da Penha está com os atendimentos normais.

“A denúncia é a melhor forma de se romper o ciclo de violência, possivelmente os casos enquanto permanecer a quarentena irá aumentar, mas as mulheres não desistir de fazer a denúncia e buscar ajuda” diz Sueli Amoedo, coordenadora dos Direitos da Mulher em Taboão da Serra, ela aconselha essas mulheres que vem sofrendo a violência, a buscarem ajuda o quanto antes em telefones como: 180 (Ministério da mulher, família e direitos humanos) ou 190 (policia) caso você, presencie uma cena de agressão.

Os comércios na região também estão sofrendo com os fechamentos, apenas mercados, padarias e farmácias permanecem abertos, pois, são os três que suprem a necessidade da população durante a quarentena, que foi prorrogada até 10 de maio pelo Governador do estado de São Paulo João Dória.

O home Office (Trabalho em casa) se tornou uma alternativa para algumas empresas e funcionários. Mas, conciliar a vida pessoal e a vida profissional dentro de casa não é fácil. Um desafio e tanto também tem sido para quem tem filhos pequenos em casa que além de dividir a atenção com trabalho precisa dividir computador para que as crianças façam as tarefas escolares, além de ter que dar conta dos afazeres domésticos.

Para Nathalia Castro, 28, moradora do bairro Vila Iase, que é executiva de grandes contas em uma rede de gráficas. A rotina tem sido dividida entre home office e atenção para os seus dois filhos pequenos. Ela explica para os meninos um pouco do seu trabalho e porque não pode brincar com eles durante a tarde, em dias de reuniões precisa se trancar no quarto para não perder o foco. “Eles se sentem vangloriados por conhecerem o dia a dia e um pouco da minha rotina”.

Enzo,10 anos, e Pietro, 7, tem aproveitado a mãe o máximo de tempo, pois, desde quando acabou sua licença maternidade não parou de trabalhar. Thiago,33, seu marido tem a ajudado nas rotinas da casa e distração dos filhos. A quarentena se tornou para a família algo positivo, pois passam mais tempo juntos e as noites conseguem fazer brincadeiras que não faziam em dias normais devido ao cansaço do dia exaustivo no trabalho.

Algumas pessoas não tem a opção de trabalhar em casa e acabam sofrendo algumas consequências. José Antonio, 65 anos, aposentado e trabalha como motorista de ônibus escolar na escola Jacyra Moya no Jd. Jussara também está sofrendo com essa paralização “E gosto de passar o tempo lá no ônibus, para mim estar ali é uma diversão, agora que estou parado fico muito atoa dentro de casa e não gosto disso, não vejo a hora de voltar”. O idoso está tranquilo em relação as contas, pois com o dinheiro da aposentadoria consegue sustentar sua família.

Já Maria Angela, 49 anos, que mora na Vila Indiana fazia alguns trabalhos como diarista, não era fixo, mas ajudava na renda. Atualmente está conseguindo se virar apenas com o bolsa família, porém sente saudades do extra “Me ajudava muito, conseguia ficar mais aliviada no fim do mês, limpava uma casa aqui, outra ali, agora tenho só o dinheiro contado e espero que isso acabe logo” comenta.

A nova realidade tem trazido tantos pontos positivos quanto negativos, mas, se cada um fizer a sua parte em breve tudo acaba. Não se esqueça dos cuidados básicos de higiene e do principal: Ficar em casa.

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