Alunos, pais e professores protestam contra fechamento de escolas em Taboão e Embu
Fernanda Pires é aluna do Alípio e disse ser muito difícil aceitar o fechamento da escola. A aluna de 16 anos que cursa o 2°ano do ensino médio, comentou que criou laços com os professores e com a história da instituição, que recentemente recebeu uma reforma de adequação para atender as necessidades de deficientes físicos.
“Eu acho injusto, logo a nossa escola, cheia de infraestrutura para receber um porte até maior de alunos”, declarou Fernanda.
Ademilson Almeida é professor da escola Alípio e explicou que outra luta do sindicato é reduzir o número de alunos por sala de aula. Ele afirmou que as turmas estão superlotadas, prejudicando o aprendizado e fixação dos conteúdos pelos jovens. “A redução de alunos, facilita a melhora da qualidade da educação. Eu acho que o conselho estadual tem que estar levando isso como política pública e não como política econômica. Escola não dá prejuízo!”, ressaltou o professor.
“É outra comunidade, outra realidade, não se sabe se esse grupo vai estar junto. Então essa reorganização com o fechamento de escolas, é prejudicial a todos, tanto a comunidade, quanto ao grupo de professores que são os mais atacados. Nós estamos a oito dias do dia do professor e a facada que recebemos é isso, é demissão de colegas, é professor ficando adigo, ou seja, estudou, se formou e vai ficar disponível”, desabafou Ademilson.
Um dos pontos importantes destacados por ele foi a questão dos professores não efetivos. Segundo Ademilson, esses profissionais correm o risco de serem demitidos. Ele comentou que os que são assegurados pelo estado, serão remanejados às outras escolas, na mesma perspectiva dos alunos.
O professor de sociologia, Sérgio de Brito Garcia trabalha na escola João Martins e afirmou que a educação deve ser feita com diálogo, o que de acordo com ele, não está acontecendo com o atual governo. Ele reforçou o fato da superlotação de salas de aula e informou que a mistura de tribos e interesses, podem resultar em atitudes de violência nas escolas. Outro aspecto levantado por Sério foi a adaptação dos alunos com relação às novas gestões e direções, ele ressaltou: “Eu por exemplo, tenho alunos que começaram desde o primário e que estou entregando eles para a universidade. Quer dizer, é dedicação e a relação com esse professor não pode ser descartada. E ai é um contrassenso do governo, que diz que o aluno tem que ter realmente uma afinidade com o professor, com a escola, com a comunidade”.
O jovem destacou que seus atuais professores são totalmente qualificados e não quer que eles fiquem desempregados. “Eu gostaria de fazer um apelo ao governo: não fechar escolas, não municipalizar o ensino, porque, se já não oferecem um ensino de qualidade assim, já tem muito desvio de verba, imagina tendo mais verba pra desviar”, finalizou.
Aluna da escola Domingos Mignoni, Tainá de Souza estuda há sete anos na instituição e é muito engajada nos interesses de sua escola. A estudante disse que o EJA (Educação de Jovens e Adultos), será retirado do quadro de aulas. Tainá afirmou que muitos alunos que fazem o EJA, serão remanejados e não terão a oportunidade de se formar na escola que tanto os ajudou. “Eles querem se formar com os professores que os incentivaram”, terminou.
Vania Perejon é professora de Língua Portuguesa na escola Tadakyio Sakai e informou que os alunos disseram que infelizmente entre o trabalho e a escola, eles, diante da crise do país, terão de escolher pelo trabalho. A professora disse que a exclusão do ensino noturno na escola, prejudicará mais de 450 alunos, que sofrerão o remanejamento.
De acordo com Vania: “E ai de novo a educação vai pro ralo ‘né’, porque se a prioridade é educação, infelizmente nós não estamos tendo nesse momento, com essa reorganização da maneira que está sendo feita. Imposta sem fazer uma consulta, sem saber que o aluno tem uma identidade, uma escola não é um prédio, ela tem uma história”.
Jaci Nascimento de Souza é mãe de Yasmin de 13 anos e acredita que com a lotação das salas, sua filha não conseguirá prestar atenção nas aulas. Ela teme que Yasmin sofra com a mudança de escola, principalmente pelo fato dos outros alunos já estarem adaptados. “Se com poucos alunos os professores já não conseguem dar aula, com muito mais, vai ficar pior”, ressaltou Jaci.