Corrida pela presidência da Câmara rebela vereadores de Taboão da Serra

Por Sandra Pereira | 20/08/2014

Uma nova e intensa tempestade se aproxima da Câmara Municipal de Taboão da Serra. A tempestade atende pelo nome de presidência da Casa. Já faz três semanas que os seus raios cortam os céus do Legislativo avisando aos mais atentos que o clima na Casa poderá mudar rapidamente a qualquer momento. O arauto da mudança de temperatura está sendo o vereador Marco Porta, aclamado líder do governo pelos pares, graças à defesa constante e aguerrida do Executivo. Agora o líder afirma que a Casa precisa “deixar de ser Câmara para se tornar Poder Legislativo”. Propôs que os vereadores fiscalizem e cobrem o governo. E provocou reflexão entre os pares ao afirmar que “eles não podem deixar a Câmara se tornar um circo, e, não se faz picadeiro sem palhaço”.

Na sessão desta terça-feira, 19, Porta defendeu a autonomia da Câmara  e cobrou valorização do Legislativo. Disse ter entendido que pôs sua candidatura a presidente da Casa de “forma errada”, mas garantiu que vai disputar o cargo,  e deixa a entender que espera contar com o apoio do prefeito Fernando Fernandes a quem defendeu com bravura.  

Entre farpas, recados, indiretas e ameaças veladas ele espera turvar os planos dos que seriam os candidatos favoritos do governo: os vereadores Carlinhos do Leme e Cido da Yafarma. Marco Porta contou a imprensa que no primeiro biênio quando apoiou o presidente Eduardo Nóbrega firmou compromisso de ser o candidato no segundo biênio. Ele disse que o Legislativo não pode ter um presidente atrelado ao governo, o que seria uma crítica ao atual presidente Eduardo Nóbrega.

“É claro para todos que o maior defensor do governo Fernando Fernandes desde o início chama-se Marco Porta. Travei batalhas homéricas para defender o governo. Vesti a pele do governo Fernando Fernandes. Entendi que isso fez com que alguns vereadores me vissem de forma diferente. Passei a entender que a Câmara não pode abrir mão da prerrogativa de fazer seu presidente sem a interferência de nenhum outro poder”, declarou Marco Porta. 

Porta chegou a encaminhar favorável um requerimento de autoria do vereador Luiz Lune que pede a fiscalização do processo de aquisição da compra de materiais escolares para os 31 mil alunos da rede pública municipal. Na tribuna ele disse que votar o requerimento não seria desconfiar do governo, mas sim mostrar que não há nada a esconder. Depois  afirmou que votaria com responsabilidade para evitar que a Casa virasse “circo de um palhaço só”. Em seguida pontuou que o vereadores vivem politicamente de duas coisas: de cumprir a palavra dada e do prestígio.  

“Chegou o momento em que me vi isolado dos pares pela defesa muito forte que fiz do governo. Entendo hoje que tudo tem que ser feito dentro de uma medida”, analisou. 

Quem também acabou fazendo coro às palavras de Marco Porta foi o vereador Marcos Paulo. Ele defendeu que o Legislativo faça jus à sua missão institucional de fiscalizar o Executivo. Disse que na política é preciso valorizar os aliados e respeitar os adversários, completando ainda que pra bom entendedor meio pingo é letra.

“A Câmara não pode abrir mão da prerrogativa de investigar e fiscalizar o governo. A Câmara fica pequena quando não se posiciona e não fiscaliza”, ponderou. 

Segundo o presidente da Câmara, Eduardo Nóbrega, os vereadores Cido, Carlinhos do Leme, Joice, Marco Porta e Marcos Paulo podem chegar ao comando da Casa. Sobre a relação estreita da presidência com o governo Nóbrega pediu desculpas. Ele não revelou em quem vai votar na sucessão do cargo, apesar de todos saberem que ele apóia o vereador Carlinhos do Leme. “Peço desculpas se em algum momento deixei a minha relação com o governo influenciar os atos de presidente”.

Falando sobre sua própria eleição analisou que inicialmente era preciso alguém novo para renovar, agora diz que a Casa precisa de um presidente maduro e experiente, dando a entender que o vereador Cido lidera o ranking dos presidenciáveis.  

“É tão instável hoje a situação da Câmara que até o Moreira pode ser presidente”,  revelou. 

Na contramão de toda a ansiedade que predomina na Câmara o prefeito Fernando Fernandes declarou recentemente em entrevista à imprensa que ainda é cedo pra tratar do tema presidência. Ele revelou que “um prefeito experiente só trata da presidência na presença de todos os vereadores e na véspera da eleição”. Segundo Fernandes o assunto mexe muito com os ânimos da Casa e antecipá-lo seria um risco desnecessário. Agora a prioridade na pauta do governo é a eleição estadual e nacional.

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