Família Hospedeira vai atender crianças e jovens moradoras de abrigos em Taboão

Por Sandra Pereira | 21/05/2014

Taboão da Serra tem aproximadamente 50 crianças e adolescentes com idades entre 2 e 17 anos vivendo em instituições destinadas a atender quem está em situação de risco. A maioria dessas crianças e adolescentes passa a vida inteira esperando  a oportunidade de adoção depois de perder a referência familiar por conta dos mais variados motivos. Essas crianças e adolescente são o foco do projeto Mãe Hospedeira, de autoria da vereadora Joice Silva (PTB), aprovado com festa pela Câmara de Taboão da Serra nesta terça-feira, 20, com a presença do juiz de Taboão Guilherme Lamas, do presidente da OAB, Acácio Luz, do vice-prefeito Laércio Lopes, advogados e lideranças do PTB. Foi a primeira vez que um juiz da cidade participou de uma sessão do Legislativo local.  

“Quero pedir a ajuda de todos na divulgação desse projeto para que Taboão seja uma grande família hospedeira”, afirmou Joice Silva. 

A iniciativa pretende garantir as crianças e adolescentes o direito a convivência familiar em períodos como final de semana, férias, feriados ou atividades de lazer e esportivas. Na prática representa uma oportunidade de sonho de restauração da convivência familiar para essas crianças e adolescentes moradores de instituições da cidade. Para receber as crianças é preciso se cadastrar e cumprir alguns critérios. O projeto Mãe Hospedeira foi implantado originalmente na cidade de Pindamonhagaba onde já estaria rendendo bons resultados. 

“O projeto tem o objetivo de lidar com a angustiante situação das crianças e dos adolescentes institucionalizados em entidades de acolhimento sem a possibilidade de adoção. A meta é garantir a essas crianças a convivência familiar e a fixação de laços que impliquem no apadrinhamento, guarda, tutela ou adoção”, explicou o juiz Guilherme Lamas. 

O magistrado citou pesquisa do IPEA mostrando que existem 80 mil crianças e adolescentes vivendo em entidades no Brasil, sendo 61% delas com idade entre 7 e 15 anos. De acordo com ele o percentual de interessados em adotar crianças de 5 anos é de 9%, com 6 anos é de 3% e com até 7 anos 1%. 

“Não há dúvida de que existem boas famílias na comunidade. As famílias inscritas no programa podem pedir a exclusão a qualquer tempo. Essas famílias vão criar e estreitar laços com essas crianças e adolescentes, ensinar as mesmas a importância da família e quem sabe ampliar as possibilidades de apadrinhamento, guarda, ou tutela”, disse. 

O juiz pediu atenção dos empresários e da sociedade civil com a entidades de acolhimento. Sugeriu que visitem as entidades e apadrinhem as crianças e adolescentes que lá vivem.  

Aos jornalistas magistrado disse que apesar da função o obrigar a manter o distanciamento necessário à imparcialidade sente a necessidade de participar e interagir com a sociedade. Para ele o Judiciário não pode se esconder e precisa ouvir as demandas.

“Espero que esse intercambio entre os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo possa render bons frutos aquela que é e sempre será a nossa destinatária: a população”, finalizou o magistrado.

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