Presidente da Câmara de Taboão exige que prefeito dê respostas sobre base aliada

Por Sandra Pereira | 19/03/2014

Faltou luz e sobrou alfinetadas, indiretas, recados, acusações e até ameaças veladas contra a governabilidade na sessão desta terça-feira, 18, em Taboão da Serra. Insatisfeito com o fato do prefeito Fernando Fernandes não ter se posicionado com dureza contra o líder do Pros na Casa, vereador Marcos Paulo, o presidente da Câmara Municipal e líder do PR, Eduardo Nóbrega, cobrou uma resposta do prefeito ao pronunciamento de Marcos Paulo na última sessão – relembre aqui. O presidente disparou contra Marcos Paulo, a vereadora Érica Franquini e acabou acertando também Marco Porta. O objetivo dele é dar um ultimato ao governo em nome das bancadas do PTB, PSDB e PP. As declarações do presidente foram dadas em coletiva à imprensa no final da sessão.

“A base vai aguardar a resposta do prefeito. Há um ano estamos aguardando e trabalhando de maneira tranquila. Hoje a base deixa claro ao governo que o momento de dar a resposta é agora. Podemos falar até em obstrução. Não saíremos em defesa ou ataque a nenhuma circunstância política sem saber quem somos ou quantos somos. É impossível discutir política ou entrar num período eleitoral sem saber quem é seu time”, avisou Eduardo Nóbrega, acrescentando que o governo não tem um interlocutor político na Casa. “Quem é o líder do governo na Casa? Se for o Marco Porta não fez seu papel essa semana. Não o vi em reunião. Não o vi conversando com liderança. Não vi nenhum esforço dele, se houvesse o projeto dos Bombeiros estaria aprovado”, completou o presidente. 

O vereador Marcos Paulo reagiu prontamente as declarações acusando o PR e seu presidente de impedir que o governo “navegue em águas tranquilas”. Ele chegou a afirmar que o presidente Eduardo Nóbrega é “a maior oposição que o prefeito tem na Casa” e o acusou de por a faca no pescoço do prefeito. Marcos Paulo garantiu fidelidade a Fernando Fernandes, disse que nunca travou os projetos do governo na Casa e chegou a declarar que o Eduardo Nóbrega não quer o bem do governo. Paulinho revelou que a mesa não assinou o regime de urgência para o projeto do Executivo que cria o Bombeiro Civil na cidade. A contratação deles seria por meio de concurso público, em razão desse ser um ano eleitoral há prazo para que a lei seja aprovada. 

“Quem é governo quer o bem do governo e quer a paz do governo. O  Pros nunca votou contra o governo. Nunca emendou projeto. Não pediu vistas e nem obstruiu votação. Quando falei de tribuna foi em nome do Pros e não de outros partidos. Não sou líder de grupo nenhum na casa. O Pros é base do governo e quer o bem do governo. Quando o líder do PR pediu de tribuna espaço de secretaria para o PR  ninguém o retaliou por conta disso. É natural buscar esses espaços. Agora quando o Pros encaminhou não foi no sentido de cortar, foi para valorizar o grupo. Temos por exemplo o líder do DEM que também está em busca da valorização que eu falei”, respondeu Marcos Paulo ao presidente. 

A relação entre os vereadores de Taboão da Serra não anda bem faz tempo. O pano de fundo do impasse que se instalou na Casa vai além da eleição da nova mesa diretora. Os insatisfeitos garantem que na realidade o imbróglio passa diretamente pelo tratamento que os edis recebem da atual mesa, em especial do presidente, a quem o grupo de insatisfeito acusa de não respeitar os demais. 

“Há um tensionamento claro e negar não seria correto e nem coerente. O próprio líder do Pros falou que estava mandando um recado e o prefeito precisa se posicionar. É hora do governo apontar quem é a base. O governo não pode fazer ouvidos moucos. Tem que dar uma satisfação à base, dar uma resposta. Senão dá margens a ilações. O grupo original, que foi eleito com o governo espera uma resposta. Esse ano é um ano importantíssimo. Um ano de eleição. Nós vamos pra rua e precisamos de uma resposta do governo sobre quem é a base”, asseverou o presidente.  

Já Marcos Paulo afirma que seu discurso foi de valorização e não de segregação. “Quem é governo quer a paz dentro do governo. Pra mim o grupo original hoje não tramitou um projeto do governo. Isso levanta a discussão sobre quem é governo realmente. O Bombeiro Civil é um projeto bom para a cidade. Eles vão ser treinados pelo Bombeiros e atuar junto ao SAMU, ou fazer poda de árvore, por exemplo, e o projeto tem prazo para ser votado. Nós não colocamos a faca no pescoço do governo. Queremos valorização. No meu discurso eu não pedi retaliação contra ninguém. A maior oposição ao governo nessa Casa ao meu ver é o líder do PR”, desabafou. 

Eduardo Nóbrega também cobrou o prefeito a se posicionar sobre a vereadora Érica Franquini que teria feito várias falas contra o governo na Casa. Ele disse a imprensa que a vereadora teria dito de forma agressiva que estava cansada e que o prefeito poderia tirar os cargos do PDT. Ele disse que não pediu ao prefeito a saída da vereadora da base governista. 

“Diante dessa postura agressiva da vereadora o grupo vencedor das eleições, o grupo orginal, o grupo vencedor das eleições, ou o grupo que defende o governo, se coloca querendo uma decisão do governo. O posicionamento da vereadora Érica deixa claro que ela não é governo. Ela se coloca todo o tempo como oposição. Não cabe a nós pedir a saída de ninguém, mas temos que saber a resposta do governo”, disse.

Sobre a vereadora Érica o vereador do Pros disse nunca ter presenciado qualquer atitude dela que demonstrasse infidelidade ao governo do prefeito Fernando Fernandes. "Ela nunca votou contra o governo. Nunca expôs o governo. O vereador expressa se é governo ou não voto".

Passava das 22 horas quando a falta de luz no plenário levou o presidente a suspender os trabalhos da Casa. Nesta terça-feira os vereadores aprovaram a criação do Dia da Prerrogativa do Advogado de Taboão da Serra criado para garantir o direito dos profissionais no exercício de suas atividades. Também foram aprovados projetos do vereadores André Egydio,  Carlinhos do Leme, Érica Franquini e José Aparecido.

A reportagem do Jornal na Net tentou contato por telefone com a vereadora Érica Franquini para comentar as declarações do presidente da Câmara mas ela não atendeu ao telefonema.  

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