Ministra defende sustentabilidade ambiental durante anúncio de duplicação da Serra do Cafezal
20/04/2010 | Sandra Pereira
A rodovia da morte tem que se tornar da vida. A afirmação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, durante o anúncio da duplicação da Régis Bittencourt, na Serra do Cafezal, marcou a solenidade. A ministra surpreendeu o público ao enfatizar a defesa de uma agenda positiva na região cuja diversidade ambiental, pode ser revertida, segundo ela, em dividendos para as cidades.
Izabella Teixeira demonstrou amplo conhecimento na área ambiental. Ela literalmente levantou a auto-estima dos prefeitos e autoridades presentes ao declarar que eles devem se unir para brigar pela valorização dos produtos produzidos na região.
A ministra citou que o meio ambiente não deve servir como desculpa para travar o desenvolvimento da região. Para ela, é preciso sentar e negociar abertamente com todos os agentes responsáveis as alternativas para minimizar o impacto da duplicação e garantir as obras mitigatórias e a compensação ambiental onde houver supressão de vegetação ou de espécimes animais.
“O Vale é uma das regiões mais importantes do País ambientalmente. Temos que expandir a questão ambiental para além da Amazônia e cuidar dos ativos naturais da Mata Atlântica”, contou a ministra.
Ela citou projetos que tramitam no Congresso Nacional visando remunerar as cidades que cuidam da natureza adequadamente. Izabella Teixeira classificou como inaceitável o fato de projetos importantes de interesse social serem barrados por falta de licenciamento ambiental.
“Devemos avançar no que é prioridade para o desenvolvimento do País”, observou, acrescentando que intervenções como a duplicação da Régis na Serra do Cafezal precisam ser negociadas com transparência plena para minimizar os impactos.
Como lição de casa para os representantes do IBAMA que participaram do evento a ministra deixou a missão de acompanhar atentamente cada passo da discussão.
“Não aceito que o IBAMA deixe de acompanhar de perto esse processo. O País não precisa de burocratas sentados em seus escritórios, então, vocês peguem o carro e dirijam até aqui para ver de perto o que está acontecendo. Chamem todos os interessados, discutam, ouçam sugestões e pensem no melhor para essa comunidade”, ensinou.
Segundo a ministra o Vale deveria ser a região mais rica de São Paulo, pela sua ampla diversidade ambiental. Ela disse que o desafio maior será conseguir a licença para duplicar o último trecho da BR que é considerado o mais sensível.
A licença ambiental para a duplicação da Regis Bittencourt, na região da Serra do Cafezal, vão se concentrar, a princípio, nos dois extremos da pista. O trecho inteiro abrange a extensão de 30 quilômetros.
A decisão de iniciar os trabalhos pelas “pontas” se deu porque nesses trechos os impactos na natureza serão menores e, por isso, foi mais fácil cumprir as exigências ambientais.
O prazo para o término das primeiras intervenções é de 15 meses e o custo total do projeto é estimado em R$ 330 milhões. Os trabalhos devem ter inicio em 60 dias.
Além da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o presidente do IBAMA, representantes da ANTT e da concessionária Autopista Régis Bittencourt, vereadores, prefeitos e representantes de 29 cidades prestigiaram o evento.
Prefeito Chico Brito defendeu união regional para resolver problemas comuns e obter conquistas
O prefeito de Embu das Artes destacou em sua fala que a duplicação é uma conquista de toda a região. Chico defendeu a união de todas as cidades para garantir outras obras como a Universidade Federal que será instalada em Embu. O prefeito também falou sobre a importância das duas passarelas de pedestres implantadas na cidade e disse que as mesmas estão ajudando a salvar vidas.
A prefeita de Registro, Sandra Kenedy, anfitriã do evento, não conseguia esconder a satisfação de contar com a duplicação da rodovia. Ela lembrou que foi preciso anos de luta e protesto para conseguir essa vitória. “Essa vitória é de todos nós por isso temos que comemorá-la”, afirmou.
O deputado João Paulo falou que o anúncio da duplicação aconteceu exatamente no dia de São Judas, santo das causas urgentes e impossíveis. “A duplicação era uma dessas causas urgentes e impossíveis até hoje”, resumiu.