Violência doméstica foi debatida em Taboão da Serra e será tema de encontro em Embu das Artes

Por Sandra Pereira | 17/06/2012

“Ele me bateu por mais de uma hora. Queria me matar na frente da minha filha de sete anos. Ela pediu que o pai não me matasse. Ele perguntou se ela queria morrer no meu lugar e continuou batendo. Depois que eu cai fui levada para o Antena onde ele ainda tentou me pegar de novo”. A descrição da cena que marcou e mudou Luciana Silva, infelizmente, é comum na vida centenas de mulheres vítimas de violência física ou psicológica dentro dos próprios lares, pelos companheiros. O relato dela foi feito na audiência pública para discutir o enfrentamento à violência contra a mulher, realizada na quinta-feira, 14.

É para combater esse tipo de situação, que segundo dados das entidades que atuam contra a violência doméstica acontecem a cada 15 segundos, que a coordenadoria da Mulher em Taboão da Serra encabeçou a discussão visando contribuir com a coleta de informações sobre os casos de agressão desse gênero para a CPMI da Violência contra a Mulher. Nesta segunda-feira, um encontro na Câmara Municipal de Embu das Artes, a partir das 14 horas, volta a debater o tema.

No encontro em Taboão os participantes voltaram a constatar a necessidade de enfrentar a violência doméstica com seriedade e coragem. Elas se queixaram da morosidade do Judiciário e do Ministério Público, do atendimento precário nas delegacias, da inexistência de uma casa abrigo, assim como da falta de qualificação dos servidores que trabalham no atendimento às mulheres vítimas de violência.

A reunião constatou que Embu-Guaçu ocupa o vergonhoso lugar de primeira colocada no ranking dos homicídios de mulheres. Itapecerica da Serra é a segunda cidade onde se mata mais mulheres no estado.

“A mulher sofre violência da pessoa que ela escolheu. É uma ação covarde. Por isso a Lei Maria Penha é tão importante para o Brasil. Temos que brigar pela aplicação dela a fim de garantir que um dia possamos comemorar o fim da violência contra a mulher”, salienta a vice-prefeita de Taboão da Serra, Márcia Regina.

Partiu dela o alerta sobre o fato de que a violência doméstica atinge mulheres das mais diversas classes sociais e não apenas as mais pobres como erroneamente se acredita e dissemina.

“Não podemos esquecer que não é só mulher pobre que apanha. Juíza, dentista, médica, advogada, qualquer uma pode ser vítima desse tipo de abuso”, avisa.

Na ocasião, a advogada Maria Amélia Alencar, titular da Coordenadoria dos Direitos da Mulher, apresentou aos participantes um balanço da atuação do órgão. Relatou os dois casos mais graves já atendidos, Luciana, citada acima e Elisabete Amorim, outro ícone da cidade na luta da violência contra mulher. Ela foi espancada pelo marido que a atingiu com sete facadas. Teve a prisão decretada e está foragido desde então. “Elisabete, que Deus te proteja”, repetiu Maria Amélia em tom de súplica, depois de relatar todo o drama enfrentado no caso dela e a morosidade da Justiça para punir o agressor.

Agora, a expectativa da coordenadora é de que a CPMI atue com firmeza para reduzir e eliminar os casos de violência doméstica que envergonham a sociedade. Para Maria Amélia a constituição da comissão é mais uma iniciativa salutar no enfrentamento do problema.

Serviço:

Centro de atendimento à mulher vítima de violência.

Funcionamento de segunda a sexta, das 8h às 19h (11) 4788-5378

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