Acusado de fraudar combustível diz que é sócio de Ney Santos e tem secretarias no Embu; prefeito nega acusações

Por Sandra Pereira | 3/04/2017

O Fantástico veiculou neste domingo, 2, ampla reportagem sobre uma investigação da Polícia Civil sobre venda de combustível adulterado no Paraná e em São Paulo, citando o empresário Eugênio Rosa, dono de pelo menos três postos em Curitiba e na região metropolitana que vendiam gasolina “batizada” e o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB). O empresário Eugênio Rosa foi flagrado em escuta telefônica afirmando ser sócio de Ney Santos e relatando que teria “duas secretarias” na prefeitura de Embu das Artes.
 
Em vídeo postado na sua página no Facebook Ney Santos negou as acusações e classificou a matéria de mentirosa. Ele afirmou novamente estar sendo vítima de perseguição política e desafiou a Polícia e o Ministério Público a apresentar provas ligando-o aos crimes citados na reportagem. Ao lado de Gustavo Rancho (PMDB) ele disse que “não vai desanimar e nem decepcionar o povo por conta dos ataques mentirosos”. O prefeito ainda reclamou do fato do Fantástico não ter divulgado a nota que enviou na íntegra.

“Foi citado duas secretarias na reportagem e todos conhecem a nossa cidade sabem que o Gustavo é de uma família de empresários da cidade. O Léo Novaes também é um empresário conhecido aqui. Porque não vieram ouvir os dois? Tive acesso ao processo e vi que a mesma escuta telefônica cita um delegado Geral de Polícia e um ex-governador, mas ninguém falou nada. Algum interesse tem por traz de tudo isso”, observou.

Com menos de dois meses administrando o município de Embu das Artes, o prefeito Ney Santos foi alvo de nova denúncia exibida em rede nacional pelo Programa Fantástico. Conforme a reportagem, o prefeito teria ligação com postos que vendiam combustível fraudado e misturavam na gasolina uma substância proibida conhecida como metanol, que pode causar cegueira, além de manipular bombas para enganar o consumidor na hora de abastecer. A reportagem diz que o dinheiro faturado de forma criminosa pode ir para o crime organizado. Na semana passada, a Justiça fechou os nove postos denunciados, e prendeu oito pessoas. O caso ficou ainda mais complicado após o assassinato de um fiscal que atuava contra a fraude de combustíveis.

Ney Santos foi relacionado na investigação depois de ser citado em conversas telefônicas pelo empresário Eugênio Rosa, que tinha telefonemas monitorados. Numa das escutas Eugênio Rosa aparece negociando a compra de um avião que custa pelo menos R$ 4 milhões.

“O prefeito de Embu das Artes é meu sócio. ‘Tô’ em Brasília. Vou chegar em Embu das Artes no final de semana”, diz Eugênio na escuta. Em outra escuta ele revela suposta influência na prefeitura de Embu. “Eu tenho duas secretarias que eu peguei lá”, diz o empresário. “De boa, né?”, diz o interlocutor. “Eu peguei a Secretaria de Transportes e a Secretaria de… Urbana”, continua. “Qual é a cidade? É…”, pergunta o amigo. “Embu das Artes”, diz Eugênio. A segunda secretaria em questão seria a de Serviços Urbanos.

Quando Eugênio foi preso, a polícia encontrou um papel escrito a mão. Nele, aparecem a palavra “negociação” e os nomes “Eugenio” e “Nei Santos”. Entre imóveis e carros, o valor chega a R$ 36 milhões e 400 mil, aponta a reportagem.

OUTRO LADO
Após a divulgação da reportagem Ney Santos publicou uma nota no Facebook e reclamou do fato do Fantástico não ter feito a divulgação da mesma na íntegra. Leia abaixo a íntegra da nota:

Nota de Esclarecimento Prefeito Ney Santos

Esclareço que conheço o Sr. Eugênio há aproximadamente 3 anos e que afora as relações sociais, não sou e nunca fui sócio do citado senhor, assim como não mantenho nenhuma ligação política com o mesmo.

É inverídica a informação de que este indicou ou possui dois secretários na minha administração, os secretários que compõem o nosso governo, na sua quase totalidade, são pessoas que residem há anos no município de Embu das Artes.

Quanto as secretarias de transporte e a secretaria de serviços urbanos, citadas pelo Sr. Eugênio, as pastas são ocupadas respectivamente pelo Sr. Gustavo do Rancho e pelo Sr. Léo Novais, ambos conhecidos empresários da cidade e participantes ativos da política municipal.

No que tange às investigações, desconheço o teor e a participação do Sr. Eugênio. É com grande estranheza que vejo o meu nome citado nesta investigação, fico no aguardo do desenrolar do processo e acredito na justiça e me coloco a disposição para quaisquer esclarecimentos.

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