O terreno hostil da covardia e seus amargos frutos ou filhos

Por Sandra Pereira | 1/09/2015

A covardia é um terreno sobre o qual jamais tive a infelicidade de andar. Não semeei a miséria comum em seus campos. Não colhi seu gosto amargo. Não a conheço e mesmo assim repudio sua existência. Os covardes vão carregar como legado pessoal e intransferível a insatisfação diária ao olhar no espelho. O reflexo do que enxergam os faz sentir vergonha do que são e serão até o final de suas vidas covardes. Gente assim abaixa a cabeça. Aceita tudo. Engole brejos de sapos. Chega a sentir dor na alma pesada. Vive de migalhas.   

É por isso que a maioria absoluta dos covardes quase sempre cuida da vida alheia. A razão é clara, simples e objetiva: a própria vida deles é ruim, amarga e desinteressante. É preciso achar na vida dos outros algum elemento capaz de tornar sua vida menos chata e mais suportável.

O pior dos covardes é que eles se escondem debaixo de vários mantos. Querem ser os guardiões da honra, da verdade, de tudo aquilo que jamais vão poder experimentar em razão da própria covardia. É o tempo que se encarrega de derrubar cada um desses mantos que acobertam peitos de almas covardes.  

Nesta minha passagem terrena já experimentei muitos sabores amargos, mas tenho orgulho de em nenhum momento ter provado o sabor da covardia. Encarei e encaro de frente cada um dos meus desafios. Assino o que escrevo. Falo o que penso. Tomo decisões e vivo com elas. Sou mais macho que muito homem. Lutei de peito aberto em cada uma das guerras que me propus enfrentar. As primaveras me mostraram que algumas delas foram em vão. A sabedoria dos anos me faria evitá-las, por outro lado existem aquelas sem as quais eu não seria eu. Essas defino como essenciais ao meu mundo atual. Nessas eu lutaria 100 vezes se fosse preciso.

Covardes armam as guerras, mas deixam o território antes que elas eclodam. Fazem jogos sujos. Agem pelas costas. Usam armas camufladas. Mandam indiretas. Causam dor. Mas, jamais vão sentir o prazer indefinível que os corajosos enfrentam a cada batalha vencida. Viverão toda a vida carregando no peito a vergonha de nunca ter lutado. A história se encarrega de apagar suas lamentáveis existências.

 Se eu pudesse diria aos covardes: abandonem os seus campos amargos. Escolham aqueles floridos, os bosques repletos de plantas, árvores com variados frutos, os horizontes com finais de dias coloridos, as noites de lua e a clareza do amor. E por favor parem e apreciem o mar. Não custa lembrar que nenhuma força é maior e mais poderosa que o amor e é preciso coragem para conhecer e desfrutar o seu sabor. Para não restar dúvida visite Corintios 13.

À minha descendência deixarei o legado de que a covardia é um jeito de permanecer morto em vida. Não conheço um único covarde digno de respeito. Todos e cada um merecem o pior que podemos oferecer: pena.

Sandra Pereira é Jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas e pós graduanda e Marketing e Comunicação 

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