Após turbulência, vereadores de Taboão elegem diretoria da Câmara em clima amistoso

Por Sandra Pereira | 17/12/2014

Foi o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) o grande vencedor da disputa interna para a eleição da mesa da Câmara Municipal de Taboão da Serra, uma das mais acirradas da história do parlamento local. Ele foi o mentor da eleição unânime do vereador Cido da Yarfarma (DEM), que além de apaziguar os ânimos no Legislativo manteve a base do prefeito unida e afastou a possibilidade da oposição se fortalecer na Casa e na cidade. O prefeito foi chamado para entrar na disputa por ambos os grupos que duelavam na eleição. Os vereadores liderados por Eduardo Nóbrega (PR) pediam há tempos que o prefeito entrasse no “jogo”. Já o grupo dos 7 do qual Marcos Paulo (Pros) era líder recobrou a consciência e  fez o mesmo diante da possibilidade do vereador Moreira (PT) assumir a presidência da Câmara. 

Foi nesse instante, no provável cenário da eleição de Moreira que o prefeito entrou no jogo, fez valer a regra estabelecida no começo do seu mandato, por meio da qual o presidente seria eleito entre os 10 vereadores da base e pôs fim ao impasse apontando o nome do vereador Cido como a opção para acabar acalmar e conduzir a Câmara. Fernando Fernandes  encerra o ano com mais essa vitória política e ainda mais fortalecido no caminho de sua reeleição em 2016.  

Cido foi eleito na coligação de Fernando Fernandes. É integrante legítimo da base, mas sempre teve mais proximidade com os vereadores que posteriormente se somaram ao governo. A eleição dele foi recebida com festa por todos no parlamento e no governo, assim como o filho pródigo é tratado pela Bíblia quando volta aos braços do pai. Mineiro e conciliador Cido tem relação boa com os pares e ficará com a missão de administrar a Casa junto com Carlinhos do Leme (PP), que vai ser vice-presidente, Joice Silva 1ª secretária e Érica Franquini 2ª secretária. 

Depois de semanas de queda de braço a escolha da mesa aconteceu em pouco mais de 5 minutos. Foi Cido quem abriu a votação. A nova mesa foi montada cuidadosamente para contemplar integrantes dos dois grupos da base que vinham duelando pelo poder na Casa. Cada lado ficou com dois representantes que agora defendem a bandeira da unidade no Legislativo.

Questionado sobre os desafios do seu mandato Cido disse que será unificar a Câmara e dar nova vida as comissões internas, que estão praticamente engavetadas. O comando das comissões ainda será definido, mas o novo presidente já adianta que quer o Legislativo  mais próximo da população por meio do trabalho das comissões. 

 “Quero trabalhar com o objetivo de que todas as comissões sejam atuantes. Que debatam os seus temas e tragam a população para a Casa. Nós temos um parlamento lindo hoje e temos que realizar essas audiências para estar mais perto da população”, disse Cido. 

Satisfeito com a entrada do prefeito no jogo que definiu o comando da Câmara, o atual presidente, Eduardo Nóbrega, (PR), afirmou que o processo eleitoral ajudou os pares a se conhecerem ainda mais. Para ele, foi a estratégia de tornar Moreira presidente que ajudou os pares a “recobrar a consciência” e os trouxe de volta aos braços do governo. 

“Em eleição não se constrói muros. Se constrói Pontes. Para a tristeza daqueles que apostavam no pior a Câmara está em paz. Não podia vencer a bandeira do ódio, da segregação e da discórdia. Tinha que vencer o discurso do amor, da paz e da unidade. Como eu disse lá atrás alguns ovos podiam ser quebrados. Não foram os 10 da base foram da oposição”, observou Nóbrega. 

Marcos Paulo, que anunciou em entrevista coletiva no dia 4 de dezembro ter reunido sete votos para ser presidente na tribuna citou textos bíblicos para justificar sua saída da disputa. Disse que como homem sábio procurou construir sua casa sobre a rocha. Afirmou que a casa tinha 7 colunas, mais uma delas, o vereador Moreira, ia desabar, pois estava na areia. À imprensa declarou ter se sentido traído com a decisão do  colega parlamentar e precisou pensar no grupo. 

“Quando a coluna chamada Moreira voltou atrás na palavra tive que reavaliar minha posição.  Todos os vereadores se recusaram a aceitar o que o Moreira aceitou. Não podia colocar o grupo em risco. Só não sou presidente hoje porque Moreira mudou a palavra. O Cido é um irmão. Votei nele com felicidade”, resumiu.

Todos os vereadores ouvidos pela reportagem disseram ter aprendido muito no processo da eleição. Alguns deles, como Marcos Paulo, aprenderam lição amarga. Uns diminuíram. Mas é inegável o respeito que a vereadora Érica Franquini (PSDB) conquistou dos parlamentares. Comumente subestimada pelos pares Érica saiu grande do pleito. Chegou a ser chamada de leoa por ter resistido a todas as investidas para mudar seu voto. Seu posto na mesa diretora foi conquistado pela sua bravura ao longo do processo, disseram os vereadores. O mesmo valor dado a ela está sendo também imputado ao vereador Luiz Lune.

Joice Silva (PTB) também saiu forte ao conquistar a permanência na mesa. Carlinhos do Leme demostrou força e humildade ao aceitar a vice-presidência e agora se prepara para ajudar na administração da Casa.

Nesta quarta-feira, 17, os vereadores vão  apreciar o Orçamento de 2015 em primeira votação. 

Comentários