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Audiência pública do cemitério vertical no Maria Rosa tem participação recorde de moradores

Por Mariana Félix | 23/06/2023

.Divulgação - A sessão aconteceu no dia 21 de junho

Moradores do jardim Maria Rosa e região participaram em peso de uma audiência pública realizada na Câmara Municipal para debater o polêmico projeto de construção de um cemitério vertical, na rua José Dini, região central de Taboão da Serra. A audiência pública foi histórica e registrou  ampla participação popular, garantindo a qualidade dos debates. Os moradores lembraram que a região conta com mais 35 mil pessoas, sendo a maioria esmagadora contrária ao empreendimento.

O cemitério vertical promete ser o estopim de um forte movimento popular. Os moradores já recolheram em torno de 8 mil assinaturas contrárias, também já estiveram na Cetesb e agora conquistaram apoio dos vereadores na luta contra a instalação do empreendimento. O prefeito Aprígio já se declarou contrário à proposta.

De forma democrática, os moradores e empresários puderam expressar suas opiniões. Durante a sessão, o vereador Dr. Ronaldo Onishi disse que vai pedir a aprovação de um  requerimento na próxima sessão da Câmara cobrando informações da Cetesb sobre como está a tramitação do cemitério vertical na instituição.

Segundo os moradores é necessário um estudo aprofundado, uma vez que existe próximo ao terreno uma área de mata preservada e poços  que abastecem a clínica de hemodiálise além das possíveis contaminações do solo.

Marina Souza, representante da Comissão de Direito Urbanístico da OAB Taboão da Serra usou a tribuna para representar os moradores contra as instalações, além de reforçar todo o impacto emocional que a obra vai causar em quem vive naquela região.

“Nossa legislação é defasada, desatualizada, que não reflete a realidade daquele local, esse zoneamento não condiz com a realidade daqueles domicílios (...) um empreendimento tão poluidor precisa ser bem pensado. Estou aqui para tentarmos chegar a um acordo, não dá para fechar os olhos para isso. Além disso, os moradores vão ter que se adaptar a uma realidade de desvalorização do impacto”, reforçou.

No mês passado, uma comissão de 30 moradores foi recebida no gabinete do prefeito Aprígio para discutir o projeto, além de apresentarem um abaixo-assinado com mais de 8 mil assinaturas contra a construção.

Euripedes Oliveira, representante do Grupo Colinas, empresa responsável pela construção do cemitério afirmou que estudos foram feitos o local está pronto para atender toda a população com o novo empreendimento.

“Acreditamos que ali é um local que facilite o acesso para a população de baixa renda para que a gente possa prestar os nossos serviços”, afirmou o advogado.

No decorrer da sessão os moradores da platéia também falavam que estava na cara que não houve nenhum estudo ambiental ou sanitário na região e que os empresários sabiam que não eram bem vindos ali.

Presidindo os trabalhos da audiência, o vereador Dr. Ronaldo Onishi, afirmou estar ao lado dos moradores nessa luta, além de reforçar que não tem nada contra o empresário e sim contra o local que o empreendimento escolheu. O parlamentar também afirmou que a população tem que ser ouvida antes de tudo.

“O local não é adequado, o local que já existe há muitos anos, o bairro estava lá até antes de Taboão da Serra existir como cidade. Um empreendimento dessa envergadura vai causar um grande impacto no trânsito. Os moradores, quando adquiriram seus imóveis, jamais imaginavam que teria um cemitério lá”, disse o vereador.

Os vereadores Anderson Nóbrega, Carlinhos do Leme e o presidente da Câmara Dr.  André da Sorriso também manifestaram duramente  contra a construção, e favoráveis na assinatura do requerimento cobrando informações da Cetesb. Eles chegaram a propor a permuta do local por outra área onde o cemitério vertical possa ser instalado.

Neuranda Pena, uma moradora do Cerejeiras II, expressou sua profunda indignação em relação à construção em curso na área, além de manifestar seu repúdio às declarações do empresário que se referiu aos moradores como pessoas de baixa renda.

“Só para você ter ideia, essa classe de baixa renda que você citou é o maior iptu de Taboão da Serra. Aquele local que vocês querem construir tem escola, igreja, hipermercado (...) Será que vai valer a pena vir para uma cidade que já tem oito mil pessoas contrárias? que provavelmente ninguém vai querer comprar nenhum título com vocês, são trinta e cinco mil pessoas que moram na região e não concordam com isso”, completa

A principal dúvida dos moradores era a respeito da contaminação do solo e do trânsito que seria causado por conta do empreendimento.

Nílcio Regueira Dias, Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente de Taboão da Serra, ouviu atentamente a população.

“Tem projetos que tem determinada complexidade que a prefeitura não tem autonomia para deliberar, cemitério é um deles, quem delibera sobre isso é a Cetesb, então algumas das perguntas que foram feitas, só podem ser respondidas pelo órgão que tem o poder de decidir isso”, reforçou.

O empresário João, em determinado momento, demonstrou um comportamento desrespeitoso em relação a uma moradora. No entanto, o vereador Dr. Ronaldo Onishi prontamente defendeu a moradora, pedindo ao empresário que se concentrasse no tema em discussão. Além disso, o vereador afirmou de maneira firme que não toleraria nenhum tipo de desrespeito durante a sessão.

 

 

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