Após mortes em maternidade vereadores de Taboão pedem esclarecimentos do governo

Por Sandra Pereira | 3/09/2014

A morte trágica de uma mulher de 37 anos e o seu bebê durante o parto na maternidade do Antena, em Taboão da Serra, no dia 1º de setembro foi o segundo caso de morte registrado no local em uma semana – relembre aqui. Adriana Andrade tinha outros 5 filhos e deu entrada na maternidade para ter o bebê. As informações iniciais indicam que a gestante seria submetida a parto normal mas o bebê era grande e houve complicações. Ao final da experiência traumática mãe e filho perderam a vida. A família de Adriana acusa erro médico e quer investigação sobre o caso. 

 As mortes das duas gestantes e do bebê de Adriana foram  tratadas com pesar na Câmara nesta terça-feira, 2. Novamente coube ao professor Moreira tratar do assunto na Casa. Por iniciativa dele os vereadores aprovaram requerimento pedindo acesso ao prontuário médico das duas pacientes, relatório do pré-parto e parto e parecer técnico da maternidade. O documento foi assinado por todos os vereadores. Os dados devem ser encaminhados em 15 dias. Os vereadores disseram que pretendem dar uma resposta às famílias, dirimir dúvidas sobre o que ocorreu em ambos os casos e principalmente evitar novas tragédias. 

“A Câmara não pode se omitir de apurar essas mortes absurdas. No enterro da Angélica encontrei várias mulheres grávidas com medo do que aconteceu na maternidade”, disse Moreira. “Essas mortes precisam ser investigadas. A SDPM tem que respeitar a vida antes que a maternidade se transforme em matadouro”, disparou Lune.

Outros dois requerimentos com pedidos de informação foram aprovados na sessão. Um deles trata da demora de realização de serviços no Ciretran e o último pede esclarecimentos do contrato com a funerária.

“No momento em que recebemos a informação da morte da Adriana os vereadores foram tomados por emoção muito grande. O relato feito pelo professor Moreira causou comoção. Entendemos que nenhuma família deve passar por isso. Entendemos que não se pode politizar a questão mas a cidade precisa de respostas”, afirmou o presidente da Casa, Eduardo Nóbrega. Ele disse que o acordo evitou a abertura de uma CEI para investigar as mortes.  

“Nesse momento a CPI não é a solução indicada. Mas há qualquer momento podemos trazer os engravatadinhos da SPDM para sentar aqui e nos trazer respostas. No momento queremos as informações sobre quantos partos são feitos”, completou o presidente. 

Questionado sobre o clima de temor que se instalou entre as gestantes da cidade após as mortes Eduardo Nóbrega defendeu que será preciso informar a população sobre a quantidade de partos realizados e sobre os atendimentos, mas disse que indicaria a maternidade do Antena aos seus familiares por acreditar na qualidade do atendimento prestado no local. “Não podemos fazer dessas tragédias um fato político”, disse o presidente”. 

Todos os vereadores da base aprovaram os requerimentos. O pedido de apuração das mortes foi defendido de tribuna por vários deles sob a alegação de que o governo não tem interesse de acobertar as causas das mortes. 

“Se houver necessidade de uma  investigação mais apurada contra a SPDM essa Casa não vai recuar”, prevê Marco Porta.

Para o vereador Cido da Yafarma o caso é grave e não pode ser utilizado como trampolim político. Ele disse que é preciso apurar e dar respostas aos moradores. "Se houve negligência médica os culpados devem ser apresentados e punidos. É um momento trágico e de comoção para a cidade", citou.

Ronaldo Onishi se solidarizou com as famílias das vítimas. Disse que as mortes delas deixam lacunas que não serão jamais preenchidas e lembrou a responsabilidade dos agentes públicos de apurar e dar respostas sobre esses casos. “A dor dessas famílias será eterna. Temos que impedir que tragédias assim se repitam e dar as respostas que as pessoas buscam em situações assim. Tenho certeza que o governo também interesse em apurar o que houve e atuar para que esse tipo de tragédia não volte a se repetir”, observou. 

Já a vereadora Joice Silva lembrou que os vereadores são eleitos para representar o povo o que justifica a solicitação das informações sobre as mortes. “Nós temos responsabilidade com a vida dos moradores da cidade. Temos que ter acesso a essas respostas e saber de fato o que ocorreu”. 

Durante toda a sessão o clima na Câmara foi de pesar em razão das mortes. Mas os vereadores rechaçam a ideia de que possa haver crise na saúde municipal. A questão da presidência da Casa também ficou em segundo plano na sessão. A vereadora Érica Franquini faltou os trabalhos alegando problemas de saúde. 



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