Destruição, lamentos e protestos: o dia seguinte à enchente que devastou a região

Por Sandra Pereira | 24/01/2014

“Sabe como é deixar a casa de um jeito para trabalhar e voltar com ela toda revirada de ponta cabeça? Então, isso resume o que senti quando cheguei.” O relato de Alípio Guimarães, morador da Rua dos Milagres, no Campo Limpo, ao lado da ponte que divide São Paulo e Taboão da Serra, resume bem o sentimento dos moradores da região, após a enchente que da última quarta (22), que afetou diversos bairros de Taboão da Serra e Embu das Artes, além do bairro do Campo Limpo, na capital paulista. O rastro de destruição na divisa entre o Jardim Clementino e a capital era visível nesta quinta. E todos tinham medo que a chuva trouxesse ainda mais destruição. 

A mãe de Alípio, Gildália Guimarães, conta que não teve muito tempo para salvar muitos bens durante a chuva. “Basicamente, só consegui pegar o dinheiro com as despesas do mês. Sofá, colchões, até os alimentos dentro da geladeira, todos foram tomados por água.” 

Um dos locais mais devastados pelo transbordamento do Córrego Pirajussara foi a casa do norte localizada na rua Nicolau Gentili, no Jardim Clementino, de propriedade de  Roque Pazzini. Sua namorada, Carla Araujo, relatou o dia seguinte do companheiro. “O Roque está correndo para lá e para cá em busca de ajuda e para reparar o prejuízo. Nem deu tempo dele sentar e contabilizar todo o prejuízo com a cabeça fria”, disse. 

Amigo de Roque, Alípio ajudou o dono do estabelecimento até às 3h da manhã desta quinta e destacou que a prefeitura do taboanense ajudou a limpar o local, enquanto o governo paulistano demorou a chegar “de madrugada, o bar e a rua já estavam menos devastados, enquanto no lado onde eu moro, na capital, a prefeitura só chegou pela manhã para tentar limpar as ruas. 

Enquanto uns contavam os prejuízos de mais uma enchente no vasto histórico de ocorrências do tipo na região, outros foram às principais avenidas dos bairros atingidos para protestar. “Enquanto não aparecer algum político de São Paulo, Taboão, ou qualquer outro lugar, vamos protestar”, disse Luciana Almeida, que estava ajudando parentes que moram no Jardim Clementino a arrumarem o que restou de suas casas. 

O protesto na av. Carlos Lacerda, no Campo Limpo, foi intenso, com fechamento da via com queima de colchões e presença de diversos movimentos sociais, como membros do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Com nenhum membro da prefeitura de São Paulo presente no local, os moradores prometeram mais protestos na tarde desta sexta-feira.


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