OHL vende concessão da Régis Bittencourt para grupo Abertis

Por Sandra Pereira | 17/06/2013

Sem alarde, numa operação de troca de ativos, o grupo espanhol Obrascon Huarte Lain (OHL) fechou acordo com a também espanhola Abertis Infraestructura para vender a subsidiária OHL Brasil. Graças a operação, desde o mês de dezembro de 2012 a OHL não responde mais pela administração da rodovia Régis Bittencourt, que corta Taboão da Serra, Embu das Artes, Itapecerica, entre outras cidades de São Paulo até Curitiba.  Desta forma, o controle de 60% da OHL Brasil passará para as mãos da Abertis. A OHL Brasil operava nove estradas, que somam 3.227 quilômetros nas regiões Sul e Sudeste do país, e três trechos no Chile, de 342 km de extensão. A Abertis vai incorporar as duas empresas da América do Sul e passivos da ordem de 530 milhões de euros.

O acordo para a venda ocorreu cinco anos depois da OHL Brasil ter sido a grande vencedora dos leilões de rodovias do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que concedeu à iniciativa privada em 2007 sete rodovias federais, sendo que cinco delas foram arrematadas pela companhia entre os quais estão trechos da Fernão Dias e da Régis Bittencourt. A companhia entra agora em momento mais intenso de investimentos nas rodovias brasileiras - estão programados a partir deste ano desembolsos que alcançam R$ 3,3 bilhões até 2015.

Por ter sido a grande vencedora do modelo de concessão da era Lula, que dava ênfase a baixas tarifas, a OHL Brasil despertou a ira de grandes grupos nacionais e é frequentemente criticada por supostos atrasos em obras, embora ainda tenha cerca de um ano para entregá-las, de acordo com o edital de concessão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Para os concorrentes, a OHL Brasil foi tão agressiva nos preços oferecidos ao governo que, após ganhar os leilões, não teria dinheiro para fazer as obras. Hoje, no entanto, o tráfego e a receita coincidem com o calculado na época pela companhia, segundo seus executivos.

Em recente entrevista ao Valor, o presidente da OHL Brasil, José Carlos Ferreira de Oliveira Filho, descartou qualquer alteração nas operações brasileiras por conta da crise na Espanha. "[A operação] é independente. Na Espanha, as empresas que tiveram visão e as que conseguiram se internacionalizar melhoraram", disse naquela época.

A concessão para administrar e conservar a Régis Bittencourt por 25 anos foi obtida em leilão realizado em 9 de outubro de 2007 e o contrato foi assinado em 14 de fevereiro de 2008 e prevê investimentos de R$ 3,8 bilhões durante sua vigência de 25 anos.

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