Tribuna popular e manifestação dos professores provocam discussão na Câmara de Taboão da Serra

Por Sandra Pereira | 22/05/2013

Os discursos na tribuna popular Maria Alice Borges Ghion pautaram a sessão desta terça-feira, 21, na Câmara Municipal de Taboão da Serra. Os vereadores passaram a maior  parte do tempo debatendo os problemas na saúde, educação e a falta de reajuste do funcionalismo municipal durante os últimos 17 anos, relatados por munícipes que usaram a tribuna popular para protestar. Em meio às discussões acaloradas eles aprovaram todos as indicações constantes da pauta, entre as quais estava a que modifica a referência dos motoristas  e a que determina a realização de estudos para construção de uma creche e posto de saúde no Jardim Saint Moritz. Os vereadores aprovaram também o projeto criando o Dia Liberdade Religiosa, que será comemorado em 25 de maio.

 O clima na casa ferveu entre os vereadores quando um grupo de professores protestou com veemência criticando  falta de estrutura, as condições de trabalho nas escolas e a falta de reajuste. A categoria alega que te data base em 1º de maio e já protocolou a pauta de reivindicação duas vezes na prefeitura, mas não teve resposta. Os parlamentares se irritaram com a cobrança e elevaram o tom contra a “forma” do protesto, chegando até mesmo a criticar a postura dos profissionais da educação.

Disseram não aceitar pressões de “qualquer tipo”. Mas o que fez subir mesmo a temperatura foi uma afirmação do vereador Marcos Paulo dando conta que os reajustes salariais só podem ser concedidos pela prefeitura e que o protesto devia ocorrer no Executivo e não no Legislativo. 

 “A Câmara não tem o poder de dar aumento, só o prefeito pode fazer isso. Se tiver que fazer algum motim, não deve ser  aqui, tem que ser na prefeitura”.

 De pronto o vereador Moreira usou a tribuna para salientar que a Câmara é a Casa do povo e tem a obrigação de receber e acolher  todas as manifestações. Os dois bateram boca, mas posteriormente selaram a paz com um abraço e declarações de respeito mútuo.

 “Quem elege vereador nessa Casa é o povo. O povo não pode ser tolhido de vir aqui. Os servidores estão implorando por aumento há 17 anos. Em Taboão entra e sai prefeito e os salários não aumentam. Quando o vereador Marcos Paulo diz que o povo não deve vir aqui está errado”, disparou Moreira, que no final de sua fala convidou todos os livre nomeados demitidos da gestão passada para participar da reunião na câmara nesta quinta-feira à noite.

 Após o discurso de Moreira, que segundo seus pares de  “jogar para a galera”, Marcos Paulo voltou a tribuna e tentou a todo custo justificar a declaração anterior. Afirmou que não se mostrou contrário à ida dos manifestantes. “Eu nunca disse e nunca vou dizer que o povo não pode vir aqui. O que eu disse é que o plenário precisa ser respeito e que os médicos não precisaram vir aqui para receber aumento”, rebateu.

 O presidente da Câmara, Eduardo Nóbrega criticou duramente a postura dos professores que foram à sessão protestar. Disse aos manifestantes que é preciso ter respeito para conquistar seus objetivos e afirmou que Moreira estava  fazendo discurso fácil e alertou que a Casa não aceitará tal postura. “Essa Câmara é diferente já teve êxito em várias ocasiões e não teve em outros. Aqui nós não temos medo de internet, de facebook e nem de jornal. Porque tem gente aqui que parece intelectual e diz ter a solução para todos os problemas, mas, quando sai candidato não consegue nem 50 votos. Não consegue convencer o eleitor a votar”, afirmou. 

Sobre a saúde ele ponderou as críticas recebidas e concluiu que o  “PSI  é um lixo. Já dissemos isso aqui. Já fizemos mea-culpa os nossos partidos estavam na base do governo passado”.

 Marco Porta comemorou o fato do prefeito ter se comprometido a realizar estudos visando a construção de uma creche e um posto de saúde no Saint Moritz. Cido também comemorou a realização dos estudos e declarou que em 2009 esteve com a deputada Analice Fernandes na Casa Civil buscando recursos para construir creche no bairro, que acabou não se concretizando porque a prefeitura não teria disponibilizado o terreno.

 “Só estamos aqui porque na escola não tem material. Tem goteira nas nossas cabeças. Falta papel sulfite. Estamos aqui pelos filhos de vocês”, bradou uma professora no meio do plenário no meio da confusão.

 Lune elogiou as declarações de tribuna da professora Sandra Fortes e do funcionário público Jonas  que relatou problemas com a saúde. “Eles tiveram a coragem de relatar problemas que a gente ouve lá fora. Mas vocês também precisar escolher melhor seus representantes de sindicato. Porque nunca vi um sindicato tão pelego como esse de vocês”. Ele citou dados do relatório da Ouvidoria Municipal, no qual 35% das queixas se referem à saúde.

A vereadora Érica Franquini se queixou da falta de reconhecimento à legislatura atual. Ela comemorou a publicação do decreto regulamentando os benefícios que a Câmara aprovou beneficiando médicos, dentistas,  enfermeiros e auxiliares.

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