Moradores de área de risco lotam Câmara de Taboão

Por Sandra Pereira | 8/12/2010

Em meio às discussões e manobras na briga pela mesa diretora da Câmara de Taboão da Serra um grupo de famílias do Jardim Record  esteve na sessão para buscar o apoio dos vereadores. As famílias vivem numa área considerada de alto risco pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT).

De acordo com o laudo do IPT  entregue à reportagem do Jornal na  Net por um morador que parecia não entender bem o seu significado o local tem 35 moradias em local de alto risco, 30 em uma área de médio risco e outras 19 em uma área considerada de baixo de risco.

Como normalmente acontece na cidade, com a Câmara lotada os vereadores fizeram discursos em favor da população presente. Em tom de indignação os parlamentares disseram apoiar a luta das famílias que segundo eles vivem em condições subumanas no local, que de acordo com o IPT ainda corre risco de desabamento no período chuvoso.

Sem entender que a Câmara estava vivendo uma verdadeira guerra interna, os moradores da área de risco diziam acreditar que os vereadores resolveriam o problema deles, que se complicou ainda mais depois que a Justiça determinou à prefeitura a retirada das famílias das áreas de risco a fim de evitar tragédias durante o período chuvoso, que já se iniciou.

Como vereador mais ligado aos movimentos de moradia na cidade, Paulo Félix foi o primeiro a discursar em defesa da permanência dos moradores na área de risco. Na fala dele os moradores aplaudiram e gritaram em uma só voz: o povo unido jamais será vencido.

No meio do movimento alguns usavam um crachá no qual estava escrito a frase “sou amigo de Paulo Félix”.

Logo depois, o vereador Carlos Andrade mostrou fotos das casas dos moradores presentes, que segundo ele estão em situação de calamidade. Ele criticou duramente a decisão de retirar as famílias do local e disse que não vale à pena ser vereador se não for para estar ao lado do povo simples num momento como esse.

O presidente da Câmara, José Luiz Elói, também saiu em defesa dos moradores e disse que vai apoiar a luta deles para permanecer nas casas.

Os discursos dos vereadores satisfizeram os moradores da região. Eles voltaram para suas casas com a certeza de que terão apoio dos vereadores para permanecer na área condenada pelo IPT. Como disse uma moradora do local à nossa reportagem, “se não chover vai ficar tudo bem”.

Ela contou que mora numa das casas consideradas de alto risco e disse que as equipes da prefeitura estiveram no local para oferecer o bolsa aluguel e o auxílio necessário para que ela e a família deixassem o barraco de madeira onde vive com os cinco filhos. A família se recusou alegando que tudo o que possuem está no barraco. Mesmo assim, a moradora confirmou que tem medo que a chuva forte provoque uma tragédia na região.

“Medo a gente tem. Mas Deus é que cuida de nós”, afirmou olhando para o céu. “Os vereador vai ajudar nós agora”, completou.

Enquanto ela conversava com a nossa reportagem os vereadores tiravam fotos segurando no colo os bebês que moram na área.

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