Regimento trava sessão da Câmara em Taboão

Por Sandra Pereira | 8/12/2010

Numa sessão atípica marcada por uma verdadeira guerra de nervos na qual saiu na frente o grupo de vereadores denominado de alto clero, o regimento interno da Câmara foi usado com precisão para travar a sessão que iria escolher a nova mesa diretora da Casa. O vereador Olívio Nóbrega fez jus a experiência acumulada nos seis mandatos parlamentar invocando artigos do regimento interno para prolongar o começo da sessão até às 20 horas, extrapolando o prazo regimental para a escolha da nova mesa.

Imediatamente após o horário da votação da mesa diretora expirar uma rajada de fogos de artifício soou em comemoração. Ninguém soube explicar quem soltou os fogos e nem porque. O presidente da Câmara, vereador José Luiz Elói, disse que não ouviu os fogos, mas o público presente dizia que o barulho parecia vir dos fundos da Câmara Municipal.

 A habilidade do vereador Olívio Nóbrega de utilizar o regimento para impedir a votação deixou boquiabertos os parlamentares novatos que assistiram paralisados o fim do prazo regimental para a realização da votação. Ele começou invocando o artigo 103, depois usou o 125 parágrafo 4 e foi para o  124, parágrafo 5.

Cada vez que Nóbrega invocava um artigo do regimento o vereador e advogado Alexandre Depieiri folheava as páginas do documento parecendo tentar entender o que acontecia ao seu redor.O baixo clero, grupo ao qual ele pertence tinha a quantidade de votos necessários para eleger a nova mesa diretora da Câmara, mas ficou claro que não possuía o conhecimento necessário do regimento da Casa para responder as investidas do outro grupo.

Enquanto Olívio Nóbrega invocava o regimento Paulo Félix andava de um lado do plenário para o outro. Chegou a dizer aos jornalistas que ainda que a sessão durasse 18 horas a votação não aconteceria. Carlos Andrade não tratou do assunto abertamente, mas também deixou vários alertas em suas idas à Tribuna. Valter Paulo, na leitura do texto bíblico escolheu uma passagem em que se falava de traição e leu um texto na íntegra, diferente do que acontece normalmente. Elói e Maurício André, sentado como de costume na mesa diretora, conversavam entre si a maior parte do tempo.

“Temos um regimento e todos são reféns dele”, explicou Elói ao ser questionado pelos vereadores do baixo clero.

Quase tudo na sessão desta terça foi diferente. Logo no início, quando Olívio Nóbrega pediu a verificação nominal dos vereadores o clima era de mistério. Depois a ata da sessão anterior precisou ser lida, sob a alegação de que seria preciso corrigir um erro cometido pelo funcionário responsável pela sua elaboração, que teria suprimido dela uma informação referente a empresa Bonauto.

Nesse instante os vereadores tornaram público que a sessão teve duas pautas elaboradas. Por causa disso, imediatamente após a abertura dos trabalhos houve reunião de líderes.

Um dos pontos marcantes foi quando o vereador Valter Paulo iniciou a leitura da ata. Com a voz ainda mais pausada que o seu habitual ficou claro que a votação da mesa não aconteceria e tudo dentro do regimento, demonstrando na prática que o vereador deve ter o instrumento na ponta da língua.

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