Palestras para o Enem debatem família, mobilidade e água em Embu

Por Prefeitura da Estância Turística de Embu das Artes | 20/10/2015

Os alunos do Cursinho Popular Pré-Vestibular de Embu das Artes tiveram mais uma boa oportunidade para se qualificarem para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece nos dias 24 e 25 de outubro, ao participarem de três importantes palestras sobre temas que serão relevantes no exame.

Família, mobilidade urbana e recursos hídricos foram os assuntos tratados com muita riqueza por especialistas que se apresentaram aos estudantes no sábado (17/10) pela manhã na Escola Municipal Paulo Freire, no evento promovido pela Secretaria Municipal de Educação.

“Desejo que tenham um bom desempenho no Enem deste ano”, declarou Paulo Vicente dos Reis, secretário de Educação. “Por meio do Cursinho Popular, o nosso governo tem o propósito de fazê-los avançar na educação”, concluiu.

O coordenador do Cursinho Popular, Manoel Batista dos Santos, incentivou os alunos a aproveitarem o encontro: “O que movimenta o mundo não são as perguntas, mas as respostas”, disse ele.     

Demais autoridades e gestores presentes à mesa: vereador João Leite, Fernanda Tortelli (coordenadora do ProJovem) e Luciana Cavalhieri (coordenadora pedagógica).

Destaque à homenagem da Secretaria de Educação ao "Dia dos Professores", prestada a alguns docentes e aos palestrantes no final do debate.

O que é família hoje?

“Conceito de família no século 21” foi o tema da primeira palestra ministrada pela secretária adjunta de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de Embu das Artes, Fernanda do Rosário Almeida, que fez um belo apanhado da evolução histórica dos modelos de famílias, o mais antigo núcleo social do mundo, desde o início da civilização.

Fernanda mostrou que, partindo do modelo “Romano” (patriarcal com a mulher submissa), surge a família “Natural”, com laços consanguíneos, evoluindo para o “Matrimonial, com pai, mãe e filhos, visando proteger os bens adquiridos.

Depois ela explicou que a migração populacional para as cidades, a presença feminina no mercado de trabalho e o advento da pílula anticoncepcional levaram a mulher à participação nas decisões no planejamento familiar.

A secretária seguiu adiante e foi para a década de 60: nesse período, cria-se a Lei estabelecendo que a mulher não precisa mais de autorização do homem para trabalhar, garante o direito dela receber herança e requerer a guarda dos filhos.

Rosário continuou até a Constituição de 1988, que consagra a igualdade entre homens de mulheres, entre filhos nascidos fora do casamento e classifica três tipos de família: matrimonial, monoparental (pai ou mãe solteiros etc.) e união estável (sem formalização via cartório). Além de determinar direitos iguais a homens e mulheres dentro do casamento, com proteção do Estado, e valorizar o núcleo afetivo, a Constituição abre a expectativa de se reconhecer vínculos sem mencionar os gêneros.

“A Justiça recebe muitos pedidos de diversas alternativas e modelos de famílias e todos são iguais perante à Lei”, afirmou Fernanda, mencionando que o Supremo Tribunal Federal começa a reconhecer os vários arranjos de famílias existentes.

Enfim, ela termina em maio de 2013, quando o Conselho Nacional de Justiça cria a Resolução que reconhece novos arranjos de família e, em contraposição a ela, surge em outubro do mesmo ano o Projeto de Lei do Estatuto da Família, determinando que famílias devem ser formadas apenas por homem, mulher e filhos.

“É um retrocesso”, opinou Fernanda, lembrando que, no Censo de 2010, 60 mil famílias foram cadastradas com união de pessoas do mesmo sexo.

Carros: muito espaço pra pouca gente

A arquiteta urbanista, Irene Quintáns, do Mobilize, o primeiro portal brasileiro sobre Mobilidade Urbana Sustentável, falou sobre trânsito, mobilidade e acessibilidade em grandes metrópoles.

Irene mostrou as transformações da cidade de São Paulo, onde o crescimento populacional inverteu a predominância de habitantes no meio rural  - Em 1881, 55% viviam no campo e 45% nas cidades, mas hoje 85% moram em centros urbanos.

Na Capital, 30% das viagens são feitas por veículos, mas mesmo assim eles ocupam 90% do espaço urbano e recebem a maior parte do investimento do Poder Público. Esta divisão injusta do espaço, segundo ela, poderia ser melhor aproveitada, democraticamente, para o interesse social da maioria.

Irene aponta a superlotação do transporte público paulistano na contramão de modelos eficientes como em Veneza e Curitiba: ”O carro não é o meio ideal para o dia a dia, as cidades não suportam mais”, sentenciou, revelando que surgem cerca de 150 mil veículos por ano na Capital Paulista.

Soluções? Ampliação do Metrô, de faixas de ônibus, de ciclovias e da intermodalidade (integração de metrô, ônibus, trem etc.), aumento da frequência, melhoria da mobilidade dos pedestres (que é de 44%), abertura de espaços públicos para população (exemplos, Minhocão e av. Paulista aos domingos), priorização do pedestre e da bicicleta (conforme Lei de Mobilidade do Brasil) e aumento de soluções que incentivem o transporte público, para torná-lo mais confortável, rápido e reduzir o tráfego nas vias.

Água, um bem a preservar

Para falar da crise dos recursos hídricos e o ciclo do saneamento, Aurildo Xavier, técnico da Sabesp, descreveu aos estudantes algumas curiosidades sobre o uso da água.

Explicou que a quantidade de água gasta na agropecuária depende do tipo de atividade e dos meios usados para produção como transporte, alimentação, modos de cultivo, mão de obra, equipamentos, entre outros. Exemplo: 1kg de algodão precisa de 10 mil litros de água, enquanto que 1kg de carne utiliza 100 mil litros.

Indo adiante, contou que dos 2,5% de água doce do planeta, a maior parte está nas geleiras - derretendo no mar - sobrando menos de 1% de água disponível para consumo, para uma população mundial de 7 bilhões de habitantes. “Precisamos pensar em formas de ter água para todo mundo”, alertou Aurildo.

Segundo ele, o estado de São Paulo é considerado "pobre" em volume de água para suprir 40 milhões de pessoas do território. Esse estado crítico, sobretudo na Grande São Paulo, obrigou, desde a década de 70, a importação de água de Minas Gerais. “Convido vocês a refletirem a respeito do tamanho da nossa responsabilidade sobre a água e de como fazer o uso racional de um bem precioso e insubstituível”, disse.

Aurildo mostrou o ciclo do saneamento, que capta, trata e distribui a água, que posteriormente sai das residências em forma de esgoto, precisa ser coletado, tratado e devolvido em boas condições à natureza, completando-se, assim, o ciclo.

Para finalizar, o técnico destacou o incentivo à utilização de água de reuso e apontou que desde 1940 o desmatamento e a desordem de uso e ocupação do solo são as causas de enchentes e poluição dos rios.

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