O Jogo de estreia do CEU Jardim do Colégio e a eleição de Embu das Artes

Por Sandra Pereira | 20/08/2015

No final da solenidade de inauguração do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) Jardim do Colégio, no sábado, 16,  um jogo de vôlei ilustrou bem o retrato da política de Embu das Artes. Os times formados por políticos da cidade se esforçavam em vão para iniciar e concluir jogadas. Depois de  várias,  desastrosas e frustradas tentativas sem que houvesse um único lance digno de nota os “jogadores” desistiram. Não houve vencedores e nem perdedores na pseudo-partida. Mas era impossível não notar o péssimo desempenho dos jogadores na quadra. No futebol seriam chamados pernas de pau. No vôlei não há expressão capaz de definir jogadores tão ruins. Na política seriam tachados de amadores.

 O jogo pós-inauguração e a política de Embu tem vários elementos simbólicos e comuns na acirrada corrida pré-eleitoral que a cidade vive. Sobravam puxa-sacos tentando fazer os seus escolhidos acertarem uma única jogada. Mas, a falta de técnica era gritante. O CEU Jardim Colégio é um equipamento digno de primeiro mundo. Tudo ficou lindo. Mas jogo sofrível ofuscou a beleza da quadra e do espaço.

 De um lado o prefeito Chico Brito, Ney Santos e alguns vereadores. Do outro Léo Novaes, Doda Pinheiro e outras lideranças. Também havia nos  times representantes do vice-prefeito Natinha e do deputado Geraldo Cruz. Há um temor subliminar e generalizado de que a disputa eleitoral da cidade deixe o campo político e enverede pelo campo da força e até a violência. Já se sabe que será o pleito mais difícil de cobrir.

....Mas, voltando ao jogo que motivou essa divagação pré-eleitoral, pode ter havido na história do vôlei uma partida ruim, mas certamente nenhuma delas atingiu aquele nível de amadorismo e jogadas erradas. Com um monte de “atletas” quase se degladiando para pegar a bola que teimava em fugir de todos.  Se a intenção era marcar a inauguração funcionou: ninguém vai esquecer aquilo. Ninguém vai esquecer o vereador que perdeu o equilíbrio e quase caiu em cima dos moradores que foram assistir ao que seria o jogo de estréia. 

Persistentes, os jogadores amadores demoraram a perceber que estava tudo atípico. Aliás, atípica é a palavra que melhor descreve a pré-campanha de Embu das Artes. Todos os três pré-candidatos a prefeito estão certos que vão ganhar o pleito. Cada um deles diz ter pesquisas que comprovem isso. Cada um deles acredita piamente contar com o apoio do prefeito Chico Brito. Ele diz que apóia Geraldo Cruz, mas as conversas de bastidores garantem que está com Ney, enquanto Natinha avisa que o prefeito está tranquilo e vai permitir que cada um trabalhe.

Tomara que o péssimo jogo de estréia da belíssima quadra não tenha relação nenhuma com a eleição. Se tiver, a cidade verá um monte de gente perdida. E assim como a bola fugia dos jogadores os eleitores podem fugir de quem acha que já venceu. Os mais experientes em política alertam sempre que o já ganhou anda colado com o já perdeu. 

Falta pouco mais de um ano para a eleição. Até lá muita água vai passar pelos rios e córregos que cortam o município de Embu das Artes. Como prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém e a política é a arte de agregar, quem acha que já ganhou jamais pode esquecer que voto se conquista. E assim como a confiança é algo subjetivo, de valor inestimado, que dinheiro nenhum pode pagar.  Há momentos na vida em que menos é mais. Menos arrogância é mais carisma. Menos confiança é mais humildade. Menos força é mais sabedoria. E não custa lembrar que o  melhor da guerra é quando ela acaba e reina a paz.  

Quando muitos dizem estar dispostos a tudo para vencer, vale desejar que entre mortos e feridos salvem-se todos.  Diferente do jogo no CEU haverá vencedores e derrotados na disputa. Ouvi recentemente, de um homem que disse ter ido ao inferno, que o tempo é o senhor de todas as coisas. E é mesmo. Saber esperar é virtude rara em tempos de gente apressada demais.



Jornalista Formada pela Universidade Federal de Alagoas, Com pós graduação em Marketing e Comunicação 

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