Marco Porta e Pastor Cândido relatam momentos de terror em sequestro

Por Sandra Pereira | 21/06/2015

Depois de sentir na pele a violência que há tempos assombra a população de Taboão da Serra e de todas as cidades da região o vereador Marco Porta e o secretário de governo de Taboão, pastor Cândido Ribeiro, concederam entrevista coletiva para falar do sequestro que sofreram na última semana. Os dois ficaram mais de 12 horas em poder dos criminosos. Sofreram ameaças e pressão psicológica e depois da experiência traumatizante disseram que a violência é o problema que mais assombra a população. Porta agradeceu aos negociadores que trataram com os bandidos e a polícia e ainda pediu um pacto contra a violência.

A coletiva foi marcada por vários momentos de emoção. O vereador Marco Porta contou com voz embargada e lágrimas nos olhos o horror que sentiu nas horas em poder dos criminosos. Porta relatou dois momentos de maior tensão, quando chegou a ter certeza de que ele e o secretário seriam mortos pelos bandidos.

“Não havia  a mínima condição de nós estarmos aqui hoje. Estar aqui é um milagre”, afirmou Marco Porta. “Deus é o Senhor da minha vida. Só por Ele estamos aqui hoje. Havia muitas pessoas em oração por nós e esse clamor certamente chegou a Deus. Saí disso mais forte  e com a minha fé fortalecida”, completou o pastor Cândido.

Marco Porta contou que após a sessão da terça-feira, 16, foi para casa de carona com o pastor Cândido e ao chegar no portão de sua residência o carro onde estavam foi abordado por criminosos armados. O que era pra ser um assalto virou seqüestro quando um dos criminosos encontrou a sua funcional de vereador e viu diante de si a chance de arranjar mais dinheiro. Um dos acusados teria ligado para outro bandido e o assalto acabou se tornando sequestro.

“Dali nós fomos levados para um cativeiro no meio do mato. Passamos parte da noite num local molhado e fazia muito frio. Tivemos contato com vários bandidos e um deles chegou a dormir do nosso lado. Outra vez ficamos sozinhos no cativeiro e não saímos porque a gente não sabia o que podia encontrar lá fora. Houve dois momentos em que eu pensei que eles iam nos matar. Eram todos muito jovens e sem experiência em sequestro”, relatou.

Até agora a polícia prendeu quatro acusados, de um total de oito, pelo sequestro do vereador e do secretário. Uma operação envolvendo a inteligência e a cúpula da polícia  foi montada para conduzir a investigação do sequestro e a liberação das duas vítimas. Mesmo agradecendo e elogiando a atuação da polícia no caso Marco Porta disse que tudo isso ocorreu porque ele e o secretário são autoridades e pediu a instituição de uma força tarefa no país para combater o crime.

“É claro que é preciso fazer alguma coisa para acabar com a violência. Aqui na nossa cidade podemos pensar o que fazer para melhorar o trabalho da Guarda que tem sido a polícia. Mas a solução da violência tem que vir de cima. A gente passa a encarar as questões de outro modo depois de uma experiência tão chocante”, adiantou.

Marco Porta disse que os criminosos realizaram saques em seu cartão de débito totalizando pouco mais de R$ 3 mil. Já o pastor Cândido afirmou que eles fizeram compras em seu cartão de crédito cuja soma foi superior a R$ 7 mil. Os dois contaram que no começo das negociações os criminosos pediram R$ 150 mil para libertar os dois e acabaram aceitando como pagamento R$ 10 mil e três relógios de um dos negociadores. 

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